A frase que acabou de aparecer na minha cabeça parece coisa de autoajuda, mas não é: "a confiança constrói-se pedrinha por pedrinha." Destrinchando: conversar, mas não no sentido dialógico – isto é, da troca sistemática de argumentos e estruturas pré-concebidas, a “casca” de conversa –, é mostrar um bom pedaço de como você é. Quanto mais você se mostra, maior é a possibilidade de quem está lhe ouvindo entender o que se passa em sua interioridade (o contrário também ocorre, mas tudo bem, temos provas mais do que suficientes de que o mundo não é feito de entendimento).
Esse momento de exposição é algo que parece fácil de ser alcançado, mas não é: afinal, por que tirar a máscara que nos dá uma proteção aparente de nossa interioridade, por que desafivelar a persona tão bem presa à face? E como fazer isso? Bem, sei pouco sobre isso, mas a confiança no outro é fundamental. E a confiança aumenta a cada confidência, a cada olhar ou gesto trocado entre pessoas que tiraram suas máscaras, ou que, pelo menos, usaram outras que não cobrem suas faces por completo.
Mas o que seria de nós sem a defesa do sorriso cínico ou a ironia ácida que nos faz rir por dentro? Decerto já não haveria muita gente por aqui, ou então viveríamos todos num raio de quilômetros um do outro.
Então, qual seria o dilema afinal de contas? Seria para quem tirar a máscara. Mas dar conta desse tipo de explicação já foge do que acho que sei. As descobertas estão aí para serem feitas, não explicadas; como já disse, isso aqui não é autoajuda, certo?
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