domingo, 13 de janeiro de 2008

Brincadeira soberana


As pipas costuram as nuvens, colchas de retalhos fugidios. Na luta pela hegemonia no céu cerúleo contam-se as baixas: um xis verde e rosa acabara de tombar, um outro cruz caiu em mãos inimigas e o pobre roxinho estatelou-se num emaranhado de cabos negros e tênis velhos amarrados, elementos do chão impuro.

A capucheta mantinha-se em níveis mais humildes, soldado de baixo escalão. O maranhão vermelho e negro reinava supremo desde o começo da tarde, após ter derrubado do poder a arraia azul e cinza, com apoio de um peixinho qualquer e uma pipa de sacola de supermercado, vil, porém de muita ajuda.

Daí a conclusão: a soberania no céu das pipas é democrática, pois cada dia tem seu rei.

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