segunda-feira, 27 de junho de 2011

Astronomia e Poesia

Não encontrei este poema de Carlos Drummond de Andrade por aí, então aqui fica o registro de um dos grandes divulgadores da ciência, Rogério Mourão, e a lembrança da sensação de alumbramento que nosso Universo pode causar às mentes mais curiosas.

O poema está no livro Corpo.



O CÉU

Na quietude da sala, em um dia qualquer
eu conversava com Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
seguidor dos árabes.
O céu veio à conversa.
O espaço dilatou-se
e uma luz diferente,
vermelha, branca,
alaranjada,
pousou em nossas peles e palavras.
Senti que estava perto Betelgeuse,
e Antares e Aldebarã
ocupavam espaço incomensurável na sala restrita.
Tinha à minha frente as três Zuban
- El-Gaubi, El-Schmali, El-Ekiribi.
Nada me atraía mais do que Zamiah,
que fulgiu e sumiu deixando em seu lugar
Merope, Celaene.
Completamente banhado por Sírius e cercado pelas sete Plêiades,
já me desfizera de tudo que é superfície e cuidado e limitações
para viver entre objetos celestes.
- Procyon - exclamei, e Ronaldo apontou
para o clarão de Alumadin.
Vi Margarita, Fomalhaut, no desdobramento abissal
o desfile de corpos ambíguos, intermitentes, enigmáticos.
O céu, o infindo firmamento,
girava em função do verbo solto,
por acaso, na conversa de ignorante e astrônomo.
Por que seguir em frente e de olhos fechados
Se a vida pode ser dançada?

Passeio

Passos levam a lugares inconclusos.
Acredito que nunca devem ser fechados em si;
a surpresa pode estar sob um seixo,
atrás de uma moita ou mesmo
dentro de um caderno roto com caligrafia antiga.
Por isso, nego-me a aferrolhar qualquer cancela.
Permaneço do lado de fora, andando pelo mato aberto
E pedindo licença à árvore em que me encosto,
para juntos olharmos as estrelas.

A busca, ela sim vale mais que o encontro.
É pela busca que corremos, saltamos
e atravessamos o infinito que reside entre
a poltrona e a porta.

O infinito espaço dentro de uma escolha.

domingo, 5 de junho de 2011

O subjeto [trecho]

Havia na estante uma edição das Fábulas Enganosas, com a capa carcomida e desbeiçada. No lugar da lombada, apenas os cadernos e suas costuras desguarnecidas, algumas soltas. O alfarrábio chamou minha atenção e, por fim, acabei retirando-o da prateleira.


Folheando a esmo, parei na página 49, curiosamente no início de uma das fábulas mencionadas pelo título. O nome, estranhíssimo: O Subjeto. Falava de um coelho que se encontrava com um animal de características fantásticas, um anticoelho, ou uma antipantera ou um antibasilisco, que a toda hora mudava de forma e de cor, assim como o som característico que produzia ao se metamorfosear, sempre misturando ao menos três sons diferentes dos animais mais díspares entre si. Ao mesmo tempo, aquele “antianimal” era inanimado. Um objeto, em suma, mas com tantas idiossincrasias quanto possível, e a maior delas era ser inanimado e ao mesmo tempo latir, zurrar e não ter pelos ou bico, e tendo-os. Era o tal do subjeto do título.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Moto-contínuo

Este primeiro semestre foi especial pra mim em muitos sentidos.

Pessei por grandes perdas com uma serenidade que achei que tinha perdido. Com isso, reavaliei muitos de meus atos e posturas, descobri falhas e fortifiquei algumas virtudes.

Voltei a estudar sozinho.

Resolvi deixar a vergonha boba de lado e aprender a dançar.

Fiz novos amigos, reencontrei alguns antigos. Me aproximei mais de pessoas muito queridas, mas que estavam distantes.

Botei um pouco da fantasia do meu mundo no papel e logo mais quero imprimi-la e tentar alegrar algumas crianças.

Agora mesmo ando pensando em coisas novas, coisas que quero concretizar.



Trilha do post: Asian Kung Fu Generation, Aozora to kuroi neko

quinta-feira, 2 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011