quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poema meu e dela

Os olhos tolos não evitam o contato:
São pegos num ínfimo relance.
Mas o que vem do outro lado não é multa
Ou pena a ser paga, mas um brilho fugidio
Que se abre na duração do instante
E que se grava na eternidade da memória.
Cumplicidade, contato que se firma.

(A paga de um gostar é outro gostar.)

Notas de imersão

Na eternidade de um minuto
Absolvo-me do fato
De não ter errado
O tanto necessário.
De não ter aprendido pela experiência
O que manuais circunspectos não dizem
E o comportamento ensimesmado
Categoriza como alheio a si mesmo.

Buracos negros, serpentes, hipogrifos,
Chaves secretas, portas com bocas insensatas.
A tudo isso eu sigo debruçado.
Já o mundo cru e pertinente
Segue, e eu à margem dele em parte
Também sigo, reaprendendo
E me mudando, nunca indiferente ao fato
De que errar é nao só verbo do inacerto
Mas também do andar em terra estranha
A caminho do proveito.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Já tem um tempo que ando abraçado num sorriso, deixando o sono vagar silencioso enquanto durmo. O Sol, quando não barrado pela janela de metal, se avoluma sobre minha cama e me desperta, avisando que depois chegará a Lua e que os dias passarão.

É com o Sol vitrificado nas retinas que levanto todo dia, com pensamentos cheios de asas que pulsam, como uma espécie de coração secreto.

De uns meses para cá, voltei a lembrar dos sonhos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Rain of shooting stars

The time has come
And then you shone on me
The shimmering water
Came to the surface
We can feel it
Smell it and see it
A new dimension is rising
From us, from each other
So, make a wish.
Because today is raining
A rain of shooting stars.

sábado, 6 de junho de 2009

Haja saco.

Por que poetas têm de ser tão chatos? Querem explicar sua obra mesmo quando ninguém está interessado nela, entregam ou prometem entregar poemas ruins e/ou pretensiosos a quem não gostaria de cruzar com esse tipo de maluco ensimesmado e geralmente se acham "malditos" – há de se reparar na gritante diferença entre "poeta maldito" e "maldito poeta"!

Por isso não aceito que me chamem de poeta. Posso até fazer poemas, mas não sou – graças a deus – poeta. Se eu soubesse fazer banquinhos ou pintar usando aquarela, não seria marceneiro nem pintor, seria?

A tempo: Escrevi este texto ontem de madrugada. E não é que trombei com alguns desses morféticos numa das andanças pela cidade? Mas que dureza...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Olhos de espera

Enquanto descia as escadas do metrô, uma expressão veio à mente: olhos de espera.

De quem, meus, do mundo? Não sei dizer. o que posso afirmar é meu costume de olhar objetos, portas, paredes, bancos de metrô, procurando ângulos diferentes, ou detalhes que normalmente outras pessoas não veem, na correria de formigas a que nós paulistanos estamos entregues.

Olhos de espera... Talvez eu os tenha mesmo, esperando que pequenas formas me digam algo sobre união ou conjunto. Respostas eu não espero e ao fim acho que observo as coisas apenas por observar, por costume bobo. Apesar desse juízo até certo ponto negativo, isso é algo que me diverte. Sempre há alguma fenda a ser perscrutada, um jogo de luz dançando num vitrô de alguma casa que visito, uma penumbra brincando em algum muro por aí.

Tenho minha visão particular das coisas, por vezes alienada e voltada para uma interioridade que, apesar de não me trazer problemas, condiciona meu modo de agir e de compreender (ou tentar compreender) aqueles à minha volta. Isso não me atrapalha muito ou impede-me de ter atitudes práticas. Como já disse, é apenas uma particularidade.

Enfim, uma pergunta: Olhos de espera, mas de quem ou do quê?