segunda-feira, 30 de março de 2009

Roteiro n.º 0

Tanto peso sobre ombros fatigados.
Para todo lado ferro fundido,
fumaça e concreto fortemente armado.
O tom da estação é amarelado,
meio ressequido, cor de dente.

Lá no fundo da manhã
ainda há luz positiva, sem
o calor mundano do asfalto mole
que mistura chão e ar no horizonte.
A luz está distante, mas inatingível
pelo olhar, pela vontade
de não derreter nesta cidade,
nesta rua, neste mundo.

Essa compleição cadavérica pode,
sim, ser evitada. Busquemos
talvez o caminho negativo
e poucas vezes feito?
O dos eremitas das multidões?
Desviemos das facas lançadas e
das investidas cinzas daqueles
que querem nos derrubar ao chão.
Larguemos tudo enquanto é tempo?

Não.

Isolar-se não perfaz solução.
É antes camada dupla de véu sobre o problema.
O mundo não se abre muitas vezes, e
cabe a nós acharmos a saída
que elimine a poeira cáustica do concreto.
Se nossos olhos permanecem irritados
busquemos algo que alivie tudo isso.
E busquemos sem cessar,
pois talvez seja pela procura
que se possa encontrar
aquilo que chamamos de caminho.

terça-feira, 24 de março de 2009

Nenúfar




Nenúfar é uma flor com gosto de simetria. E ela nasce na água. Delicada, se mantém numa superfície de inconstância e equilíbrio.

É uma das coisas mais belas deste mundo.















Veja as fotografias originais aqui, aqui e aqui.

Palavras escritas nas pontas dos dedos (tudo vai bem, muito obrigado)

Um rosto grudado no meu peito, por fora, por dentro. Gravado de um modo que às vezes dói.

Existem palavras, frases, que não escapam facilmente aos muros invisíveis. Palavras esperadas, de entrega e que só podem ser compostas de verdade pura, mesmo que transitória.

Saindo desse muro o caminho se prolonga e, mesmo de mãos dadas (necessárias), o horizonte se desfaz na paisagem.



Aqui dentro não há confusão alguma. Apenas espera. Uma luta e uma certeza.

sexta-feira, 20 de março de 2009

É curioso como a alegria de outras pessoas pode nos contagiar. Ainda mais quando essa alegria vem de algo conquistado depois de tempos de apreensão, tempos esses dos quais também participei, embora de modo mais ameno.

quarta-feira, 18 de março de 2009

'in a town that's cold and grey we will have a sunny day'

Hindered by a hole
inside her chest
behind her mind.
But I saw the lights of the night
flowing through the sky.

Giving time, time passing by -
the word "forever" means nothing.
With my soft fingers I shall reach
that darkened world inside you.
With my sunny eyes I shall breach
that cloudy wall, raised by a fool.

Time will lead us
forging our souls
and giving to us
a brave and bright new world.



escrito por A.N.P.N.F.C.G.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Duas mãos juntas, um olhar e um sorriso encoberto. Esse é o resumo de uma bela manhã.

sábado, 7 de março de 2009

Just a man


Sky is clear tonight
Sky is clear tomorrow
A star is out
I reach for one to sparkle in my hand
A star is out
I will not touch you, I am just a man
Sky is clear tonight
Sky is clear tomorrow
And every night I shut my eyes
So I don't have to see the light
Shining so bright
I'll dream about a cloudy sky,
A cloudy sky
I'll dream about a cloudy sky, a cloudy
Man was born to love-
Though often he has sought
Like Icarus, to fly too high-
And far too lonely than he ought
To kiss the sun of east and west
And hold the world at his behest-
To hold the terrible power
To whom only gods are blessed-
But me, I am just a man
And every night I shut my eyes
So I don't have to see the light
Shining so bright
I'll dream about a cloudy sky, a cloudy sky
And every night I shut my eyes
But now I've got them open wide
You've fallen into my hands
And now you're burning me
You're burning me


quarta-feira, 4 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

1º de março II

Eu converso ao telefone, vejo fotos, faço planos, me encanto, vejo pegadas, traço o passado, vejo mais fotos e converso.

Tomo um suco, como um pêssego, tomo um iogurte e depois um copo d'água, e digito sem parar para pensar. Não quero que haja alguma marca de lima neste texto; quero-o puro e bruto, escorrido da ponta dos meus dedos e de dentro do meu peito.

Se ligo, se me preocupo, se penso a todo momento, o motivo é um só, é uma certeza que não se desvanece com o vento. Se minhas mãos ainda hoje tremem, motivos não me faltam, e não é de medo que estou falando. O que falo e penso é positivo. O brilho oblíquo que emana de meus olhos não é faca que machuca; é antes seda que se enrola em seu pescoço e lhe afaga, impededindo a luz do Sol de te queimar.

Eu converso ao telefone, vejo mais fotos, refaço planos, me encanto, prevejo pegadas, traço o futuro, vejo mais fotos e converso. E tudo isso no turbilhão de duas horas.

1º de março

Por vezes os domingos me consomem. Após desligar a tela absorvente do computador, desligar também a música e sentir toda a força da moleza quente daquela tarde inerte, percebi, ou antes, caí: uma sensação de inutilidade.

Almoço na mesa. Hora de parar de escrever e ocupar ao menos o estômago.
Finalmente consegui colocar o arquivo mp3 do epigrama de Seikilos no ar. Deem uma conferida clicando aqui.